Em se tratando de futebol, esporte predileto dos
brasileiros, há quem afirme que ser vice numa competição é a mesma coisa que
não ser nada, ou seja, o que importa é ser campeão e não apenas conseguir uma
boa classificação. Esta filosofia, se é que se pode chamar assim, não é
exclusividade dos amantes do futebol. Prosseguindo nesta mesma linha de
pensamento, Deus também não admite que o homem o coloque em segundo lugar em
sua vida.
Yahweh escolheu um homem para ser seu amigo íntimo
e lhe fez muitas promessas, dentre elas a de ser pai de muitas nações (Gn
17.1-8). Só havia um pequeno obstáculo para que esta promessa se cumprisse,
Abraão já tinha noventa e nove anos de idade e a sua esposa, também idosa, já
havia encerrado o seu ciclo menstrual, quer dizer, humanamente impossível (Gn
18.11-14). Como todo o casal, ter um filho deveria ser o grande sonho da vida
deles e apesar de toda a riqueza que possuíam não se sentiam plenamente
realizados. Depois de um ano nasceu Isaque, primeiro fruto das inúmeras
promessas concedidas àquele grande patriarca.
Finalmente a alegria havia chegado aquele lar (Gn 21.6).
Passado alguns anos, Abraão recebe uma ordem do
Senhor que abalaria as suas estruturas. Ele pede em sacrifício aquele a quem
mais amava, Isaque, o filho da promessa (Gn 22.1-2). Como assim Deus? Não foi o
Senhor mesmo que me deu? O Senhor completou a nossa alegria para depois
retirá-la? O que será da minha esposa, ela simplesmente vai morrer de tanto
desgosto? Abraão tinha razões de sobra para fazer todas estas indagações. Mas,
ele não fez nenhuma delas, obedeceu prontamente, crendo que o mesmo Deus que
havia concedido Isaque, seria capaz de até mesmo ressuscitá-lo dentre os mortos
(Gn 22.3-10; Hb 11.17-19). Que fé é esta minha gente! Que amor incondicional ao
Eterno é este! Se Deus é onisciente porque será então que ele pediu tal prova a
este homem, deixando-o chegar tão perto de concretizar o sacrifício de seu
filho? Talvez quisesse estabelecer um padrão de relacionamento entre criatura e
criador e escolheu como protótipo aquele que viria a ser considerado o pai da
fé e de muitas nações. Aquele que diante de tantas virtudes que possuía, se
destacou pelo amor demonstrado ao Senhor sobre todas as demais coisas.
Dentre todos os mandamentos da tábua de Moisés que
regiam o povo em todo o período velho testamentário, Jesus os resume em dois,
sendo o primeiro o seguinte: “... Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.” (Mt 22.37).
Portanto, Deus nunca admitiu e jamais admitirá
ficar em segundo plano na vida de alguém. E a pergunta que não quer calar é a
seguinte: Qual é o seu e o meu Isaque hoje? O que tem se tornado mais
importante do que o próprio Deus em nossa vida? Seria um familiar; um relacionamento;
o trabalho; estudos; um entretenimento qualquer, seja ele um esporte, internet,
jogos de azar, programas televisivos, et.; ou até mesmo um ativismo religioso.
Abraão nos deixa um grande testemunho de como devemos agir diante dos “Isaques”
que surgem cotidianamente em nossas vidas, muitas vezes, com uma ajudazinha do
inimigo de nossas almas. Devemos rebaixa-lo, retira-lo do trono, trono este que
deve ser exclusividade do Altíssimo (Is 42.8; Mt 6.33; Gl 2.20; Fl 3.7-9; Tg
4.5).
Juvenal Oliveira
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