quinta-feira, 23 de novembro de 2017

SERÁ QUE VALE A PENA SACRIFICAR O REBANHO EM PROL DE UMA OVELHA?

Existe uma expressão popular brasileira chamada “boi de piranha” que significa sacrificar um bem menor e de pouco valor para salvar o mais valioso. Fazendo apenas uma analogia, pois todos diante de Deus possuem o mesmo valor (Rm 2.11; IPe 1.17), pode-se afirmar que no meio da igreja tem acontecido este fenômeno de forma invertida, isto é, rebanhos inteiros têm sido sacrificados por uma única ovelha.
Pela ótica humana fazemos distinção entre líderes e liderados, clero e leigos, pastores e membros, no entanto, apesar de existirem responsabilidades distintas entre ambos, todos são ovelhas do Sumo Pastor (IPe 5.4). Nesta linha de raciocínio, pode-se afirmar que por mais numerosa que seja a igreja, o seu Pastor diante do Eterno não passa de mais uma ovelha com a única diferença da missão que cumpre.
Exercer o ministério pastoral é um privilégio extraordinário para um seleto grupo, mas, não deve ser algo fácil, pelo contrário, deve ser extremamente desafiador e a prova disto são as estatísticas acerca daqueles que o deixam, adoecem ou, ainda pior, adoecem e teimam em permanecer a frente mesmo assim. O Diabo é um ser espiritual, dotado de um poder considerável, estrategista e sabe que ao atingir os líderes, automaticamente, vai destruir multidões como efeito dominó, por isto sua artilharia pesada será sempre em cima destes.
Muitos líderes têm adoecido no meio do caminho. Alguns sucumbiram pelo poder do pecado; outros foram vencidos por enfermidades físicas e emocionais, como ansiedade, depressão e, até síndrome do pânico; e há ainda aqueles que simplesmente perderam a visão de ministério, talvez por uma chamada equivocada, conduzindo a noiva de Cristo como um mero emprego e sem muito envolvimento com as pessoas.
Todos os cristãos passam por lutas e estão sujeitos à queda diariamente, assim acontece também com os líderes ( ICo 10.12). Muitos deles começaram bem, mas, durante a sua jornada, alguma coisa aconteceu que o tornou incapaz de cumprir eficazmente o seu ministério. O que fazer com esta ovelha ferida que teima em estar à frente do rebanho? Tendo em vista que está enferma, teria ela condições de continuar a frente? De conduzir o rebanho em segurança e bem nutrido? Estas perguntas devem ser levadas muito a sério pela própria igreja a qualquer indício de enfermidades por parte de líderes, que não significa, em hipótese alguma, que eles devem ser descartados ou abandonados e, sim, retirados da linha de frente, temporariamente, a fim de poderem receber os primeiros socorros até que estejam novamente em condições de desempenharem os seus ministérios.
Resolvi escrever sobre este assunto depois de ter passado por esta triste experiência por pelo menos três vezes em “igrejas” diferentes. Vendo com lágrimas nos olhos o rebanho esmorecendo e encolhendo; famílias inteiras e amadas indo embora e portas quase se fechando; obreiros experientes e ativos se tornando crentes de banco. O problema se agiganta porque é tratado de forma paliativa; demoramos muito em tomar uma decisão e mesmo que tenha de ser cirúrgica e dolorida, tem por finalidade a cura de ambos; deixamos que o sentimento de amizade, carisma e até de compaixão, dentre outros, nos impeça de decidirmos de maneira racional e Bíblica (Ez 34. 1-10).
O resultado desta imaturidade, complacência ou omissão não sei, Deus o sabe, diante de tão grave problema é o sacrifício de todo um rebanho por uma única ovelha, que só precisaria ser tratada longe das linhas de frente inimigas e o fim acaba sendo o fracasso de todos.
Portanto, diante de uma situação tão complexa e traiçoeira não devemos hesitar em substituir rapidamente um obreiro que não esteja em condições de conduzir o rebanho antes que seja tarde demais e as portas já estejam se fechando, pois é mais prudente cuidar de um único soldado a ter que perder um exército inteiro.

Juvenal Oliveira

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

MAIS INTENSO QUE O “IRMA”

Recentemente um furacão categoria cinco atingiu parte da América Central e o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, trazendo pânico e causando morte e muita destruição. “Irma” foi o nome dado a este terrível temporal, com ventos que ultrapassaram os 250 km/h. Pelos vídeos divulgados nas redes sociais é possível imaginar os momentos de desespero que aquelas pessoas passaram.
Milhares de pessoas pelo mundo afora são assoladas diuturnamente por um tipo de tormenta ainda pior que o “Irma”. A diferença é que esta não pode ser detectada pelos satélites; não chama tanto a atenção da grande mídia; os estragos nem sempre são perceptíveis a olho nu; diferente das usuais não tem hora certa para começar e muito menos para terminar, pois estas podem ser previstas com antecedência e monitoradas.
No evangelho de Marcos é narrada uma grande experiência vivida pelos discípulos de Jesus. Eles obedecendo a uma ordem do Mestre entraram no barco rumo a Gadara e, subitamente, foram atingidos por uma grande tempestade que os deixou em pânico (Mc 4.35). Alguns pontos devem ser observados atentamente aqui. Primeiro, a maioria daqueles homens eram exímios pescadores e acostumados a mares bravios e ventos fortes. Segundo, eles já tinham testemunhado inúmeros milagres de Jesus e sabiam quem Ele era, logo, não havia motivo plausível para tamanho desespero.  
Enquanto o vendaval atingia aquele barco ao ponto de pensarem que naufragariam, Jesus estava dormindo tranquilamente, ou seja, as circunstâncias externas não eram capazes de tirar-lhe a tranquilidade. Qual a diferença entre o comportamento de Jesus e o dos seus discípulos se ambos estavam no mesmo barco? No caso dos discípulos, a tempestade atingiu em cheio não apenas o barco, mas também os seus corações, deixando-os desesperados, sem controle, com um medo exorbitante, dominados pelas emoções negativas, apesar de todas as atenuantes.
As piores intempéries não são as externas, mas as do coração que ditam o proceder de cada um em meio às turbulências da vida. O mundo pode estar desabando sobre a sua cabeça, mas se a sua alma estiver em paz, esta tempestade não passará de um pingo d’água. Por outro lado existem pessoas a beira da loucura, apesar de estarem diante de um dia ensolarado e tranquilo, pois a sua tormenta é interior e muitas vezes imaginária (Sl 109.22).

A boa notícia para quem vier a sofrer este tipo de furacão é que Jesus tem poder para fazê-lo cessar (Mt 28.18). Quando Ele é acordado pelos seus discípulos, intervém dando ordem ao mar e ao vento, fazendo bonança (Mc 4.39). Jesus acalmou não apenas a tempestade que atingia o barco, mas a que atingia o coração dos seus discípulos, fazendo-os confiar e descansar naquele que tem todo o poder no céu e na terra (Mc 4.41). Existem momentos na vida em que somente Ele pode acalmar as tempestades que se formam nas profundezas de nossa alma (Sl 9.9, 35.17, 42.11, 46.1; Mt 11.28-30).
Deus abençoe a sua vida!
Juvenal Oliveira

sábado, 11 de novembro de 2017

A SABEDORIA SOBREPUJA O CONHECIMENTO


Todas as pessoas sábias possuem algum tipo de conhecimento, mas nem todos aqueles que possuem conhecimento podem ser consideradas sábias. O conhecimento deve ser buscado incansavelmente; ele traz progresso e facilita muito a vida daqueles que o buscam, pois lhes proporcionará à oportunidade de terem suas necessidade supridas e, consequentemente, poderem aproveitar melhor tudo aquilo que uma sociedade capitalista pode oferecer. O conhecimento sempre virá de alguma doutrina, pensamento, filosofia, etc., já existente.
Já a sabedoria é capaz de levar o homem além das fronteiras do capitalismo; ela transcende o mundo físico e todas as limitações científicas e sociológicas; é capaz de proporcionar qualidade de vida, na sua essência, que independe de bens conquistados e de altas contas bancárias, pois existem outros parâmetros a serem levados em conta como saúde física, mental, emocional e espiritual; ela é capaz de marcar para sempre o nome de pessoas na história, precursores de um conhecimento nunca alcançado até então e que poderá trazer incontáveis benefícios às gerações vindouras.  
Tiago afirma que aquele que necessita de mais sabedoria, deve pedir a Deus (Tg 1.5). Segundo Tiago, aquele que se considera sábio deve abominar qualquer tipo de sentimento ambicioso e egoísta, bem como a inveja. Sentimentos e atitudes propícios de pessoas inseguras, presunçosas, arrogantes e facciosas, que causam toda a sorte de males. A esta sabedoria, ele chama de terrena e diabólica, portanto falsa (Tg 3.14-15).
A verdadeira sabedoria traz consigo algumas características que lhe são peculiares. Aqueles que a alcançam serão dotados de um coração puro; tudo o que fazem será visando o bem comum, ou seja, se alegram demasiadamente com a felicidade e o bem estar de outrem; serão propagadores incansáveis da paz; se desviarão dos extremos, pois reconhecem que a solução brotará sempre de decisões e comportamentos equilibrados; serão pessoas sempre tratáveis, isto é, estarão sempre prontos a ouvir conselhos; estarão sempre abertos a mudanças; jamais desprezarão a repreensão, conselho ou crítica, pois entendem que isto tudo contribuirá para o seu amadurecimento; reconhece que é falho e imperfeito, por isto, sempre usará de misericórdia com as pessoas que o cercam. Ele não apenas fala, ele demonstra e faz; ao invés de julgar, procura ajudar; ele não apenas aponta o caminho, mas vai à frente indicando a direção correta a ser seguida. Ele nunca faz nada esperando reconhecimento e jamais se auto-intitula, não obstante, será sempre reconhecido pelos excelentes frutos que apresentará (Tg 3.17).
Além de tudo isto, o verdadeiro sábio dará crédito a Bíblia e procurará fazer tudo de acordo com os seus ensinamentos, pois ela tem poder para salvá-lo através da confissão de fé em nosso senhor Jesus Cristo (Tg 1.21; 1Co 1.21; 1Tm 1.15; 2Tm 3.15).
       

Soli Deo glória
Juvenal Oliveira