Existe uma expressão popular brasileira chamada
“boi de piranha” que significa sacrificar um bem menor e de pouco valor para
salvar o mais valioso. Fazendo apenas uma analogia, pois todos diante de Deus
possuem o mesmo valor (Rm 2.11; IPe 1.17), pode-se afirmar que no meio da
igreja tem acontecido este fenômeno de forma invertida, isto é, rebanhos
inteiros têm sido sacrificados por uma única ovelha.
Pela ótica humana fazemos distinção entre
líderes e liderados, clero e leigos, pastores e membros, no entanto, apesar de
existirem responsabilidades distintas entre ambos, todos são ovelhas do Sumo
Pastor (IPe 5.4). Nesta linha de raciocínio, pode-se afirmar que por mais
numerosa que seja a igreja, o seu Pastor diante do Eterno não passa de mais uma
ovelha com a única diferença da missão que cumpre.
Exercer o ministério pastoral é um privilégio
extraordinário para um seleto grupo, mas, não deve ser algo fácil, pelo
contrário, deve ser extremamente desafiador e a prova disto são as estatísticas
acerca daqueles que o deixam, adoecem ou, ainda pior, adoecem e teimam em
permanecer a frente mesmo assim.
O
Diabo é um ser espiritual, dotado de um poder considerável, estrategista e sabe
que ao atingir os líderes, automaticamente, vai destruir multidões como efeito
dominó, por isto sua artilharia pesada será sempre em cima destes.
Muitos líderes têm adoecido no meio do caminho.
Alguns sucumbiram pelo poder do pecado; outros foram vencidos por enfermidades
físicas e emocionais, como ansiedade, depressão e, até síndrome do pânico; e há
ainda aqueles que simplesmente perderam a visão de ministério, talvez por uma
chamada equivocada, conduzindo a noiva de Cristo como um mero emprego e sem
muito envolvimento com as pessoas.
Todos os cristãos passam por lutas e estão
sujeitos à queda diariamente, assim acontece também com os líderes ( ICo 10.12).
Muitos deles começaram bem, mas, durante a sua jornada, alguma coisa aconteceu
que o tornou incapaz de cumprir eficazmente o seu ministério. O que fazer com
esta ovelha ferida que teima em estar à frente do rebanho? Tendo em vista que
está enferma, teria ela condições de continuar a frente? De conduzir o rebanho
em segurança e bem nutrido? Estas perguntas devem ser levadas muito a sério pela
própria igreja a qualquer indício de enfermidades por parte de líderes, que não
significa, em hipótese alguma, que eles devem ser descartados ou abandonados e,
sim, retirados da linha de frente, temporariamente, a fim de poderem receber os
primeiros socorros até que estejam novamente em condições de desempenharem os seus
ministérios.
Resolvi escrever sobre este assunto depois de
ter passado por esta triste experiência por pelo menos três vezes em “igrejas” diferentes.
Vendo com lágrimas nos olhos o rebanho esmorecendo e encolhendo; famílias
inteiras e amadas indo embora e portas quase se fechando; obreiros experientes
e ativos se tornando crentes de banco. O problema se agiganta porque é tratado
de forma paliativa; demoramos muito em tomar uma decisão e mesmo que tenha de
ser cirúrgica e dolorida, tem por finalidade a cura de ambos; deixamos que o
sentimento de amizade, carisma e até de compaixão, dentre outros, nos impeça de
decidirmos de maneira racional e Bíblica (Ez 34. 1-10).
O resultado desta imaturidade, complacência ou
omissão não sei, Deus o sabe, diante de tão grave problema é o sacrifício de
todo um rebanho por uma única ovelha, que só precisaria ser tratada longe das
linhas de frente inimigas e o fim acaba sendo o fracasso de todos.
Portanto, diante de uma situação tão complexa e traiçoeira
não devemos hesitar em substituir rapidamente um obreiro que não esteja em
condições de conduzir o rebanho antes que seja tarde demais e as portas já
estejam se fechando, pois é mais prudente cuidar de um único soldado a ter que
perder um exército inteiro.
Juvenal Oliveira