domingo, 29 de outubro de 2017

UMA IGREJA REFORMADA PRECISANDO SER REMODELADA

No dia 31 de outubro do ano corrente completa-se meio milênio da chamada reforma protestante quando o monge Martinho Lutero fixou nas portas da igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, as suas 95 teses contrárias à doutrina da sua igreja na época.
Os princípios fundamentais da reforma protestante estão baseados em cinco pilares: No latim, chamados de Sola Fide (somente a fé), Sola scriptura (somente as escrituras), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia (somente a graça) e Soli Deo Glória (glória somente a Deus).
Os reformadores foram teólogos que chegaram à conclusão de que a igreja estava caminhando distante das verdades contidas nas Sagradas Escrituras e que deveriam retornar a ela e ao centro da vontade de Deus. 
Fazendo uma análise panorâmica desta igreja hoje no Brasil, chega-se a triste e lamentável constatação de que ela precisa ser reformada novamente. É Preciso rever os mesmos princípios que levaram aqueles corajosos cristãos a enfrentarem um poderoso sistema religioso que poderia, inclusive, sentencia-los a morte.
Sola Fide – Princípio de que o homem não é salvo pelas boas obras, mas somente pela confissão de fé em Cristo. Realmente este ensinamento tem base bíblica, não obstante, não podem negligenciar as chamadas “boas obras”. Muitos cristãos protestantes simplesmente não se importam com as obras sociais e utilizam como desculpa ou escudo a interpretação de forma equivocada da salvação por intermédio da fé. Tiago afirma que aquele que não estende a mão ao seu próximo está vivendo um tipo de fé equivocada, falsa. O cristão não pode deixar de fazer “boas obras”. Não com o intuito de ser salvo, mas, como fruto desta fé autêntica que possui no senhor Jesus, fazendo-o amar ao seu próximo como a si mesmo (Ef 2. 8-10; Tg 2. 14-18).
Sola Scriptura – Princípio que a Bíblia é a única palavra autorizada e inspirada por Deus e é a única fonte para a doutrina cristã, sendo acessível a todos. Apesar de se ouvir em muitas igrejas reformadas que a Bíblia é a sua única regra de fé e prática, não é exatamente isto que se vê na prática. O que se vê são líderes interpretando-a a seu bel- prazer com interesses duvidosos. Decisões tomadas em Assembleias atropelando os princípios bíblicos com o argumento de uma suposta “soberania da igreja”, se baseando em Estatutos e Regimentos Internos colocando-os em pé de igualdade com a Bíblia. Profecias aceitas como verdades absolutas mesmo sendo discordantes da Palavra (1Co 14.3). Ainda há aqueles que utilizam como parâmetro para a igreja, variadas literaturas contemporâneas de autores renomados como se inspiradas fossem, tudo em busca do “sucesso”. (Gl 1.8, 2Pe 1.20-21; Ap 22.18-19; Jo 17.17; 2Tm 3.14-17)
Solus Christus – Princípio que Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade e que não há salvação através de nenhum outro. Há um grupo no meio desta igreja que tem se inclinado demasiadamente aos costumes judaicos e vem utilizando o Antigo Testamento e os seus personagens como principal regra de fé em detrimento dos ensinos do próprio Cristo (Rm 10.4). Em alguns lugares apesar de ser utilizado a todo o instante o nome de Jesus, entretanto, parece se referirem a um homônimo, pois ensinam doutrinas que em nada se parecem com as do Mestre dos mestres. (Fl 2.10; At 4.12; 1tm 2.5; Rm 10.9)
Sola Gratia - Princípio de que a salvação vem por graça divina ou "favor imerecido" apenas, e não como algo merecido pelo pecador (Ef 2.8-9). O apóstolo Paulo foi mal interpretado por alguns cristãos de sua época quando falava sobre “graça”. Achavam que estava sendo liberal demais. Da mesma forma a igreja da atualidade tem confundido liberdade e graça com libertinagem e liberalismo. Realmente a salvação é através da infinita graça de Deus, entretanto, isto não exime o pecador da responsabilidade de ter que se arrepender e mudar de vida ao se render à Cristo (Jo 8.11; 2Co 5.17; Gl 6.15). Hoje tudo é aceitável no meio da igreja com um discurso de que “estamos vivendo no período da graça” (Gl 5.13-25).
Soli Deo Glória – Princípio de que toda a glória é devida somente a Deus, pois a salvação é realizada unicamente através de sua vontade e ação. A igreja nos últimos anos vem supervalorizando rótulos denominacionais e seus líderes, muitas vezes desviando a glória que deve ser dada única e exclusivamente ao Eterno (Is 42.8; Rm 11.36).
Existem ainda outros pontos importantes a serem revistos pela atual igreja reformada, mas, será mencionada aqui somente a questão da volta disfarçada das indulgências. A ênfase ao dinheiro, a dízimos e ofertas tem crescido assustadoramente, sendo motivo de escândalo para o evangelho de Cristo. A chamada “doutrina da prosperidade” vem ganhando terreno e conquistando cada vez mais adeptos e denominações inteiras. Como um cão que volta ao seu próprio vômito, assim tem se comportado estas pessoas (Pv 26.11). Esta expressão cai como uma luva, pois da mesma forma que dá náuseas ao se ler sobre as indulgências na chamada era das trevas da igreja, no período da idade média, hoje há o mesmo sentimento ao se ver pregações apelativas sobre dízimos e ofertas partindo de pessoas mal intencionadas que querem negociar as bênçãos do Todo Poderoso (Ec 5.10; Lc 16.13; 2Co 4.16; 1Tm 6.10; Hb 13.5).
Ainda sobre a questão financeira é um verdadeiro absurdo os valores cobrados pelos cantores “Gospel” e pregadores itinerantes (Mt 10.8); Pastores presidentes com supersalários que desfilam com carros importados e recebem vantagens de país de primeiro mundo, enquanto suas ovelhas mendigam “bênçãos” dos céus. Não se faz mais nada nesta igreja simplesmente por amor, quase tudo tem que ser remunerado. O que não falta no meio dela são oportunistas, pessoas preguiçosas que enxergaram no evangelho um meio de ganhar dinheiro fácil (2Co 11.9; 1Ts 2.9; At 18.3). Sem contar o tratamento VIP oferecido por determinadas lideranças as pessoas que contribuem com altos valores; uma tremenda complacência com pessoas que podem até estar com a vida irregular que jamais serão repreendidas (Tg 2.1,9).
Por tudo isto e muito mais é possível se afirmar, categoricamente, que esta igreja intitulada protestante, reformada, precisa urgentemente ser remodelada. Esta mudança somente acontecerá através de corações humildes e totalmente submissos ao Espírito Santo; pessoas que se coloquem como um vaso nas mãos do oleiro, dispostas a serem quebradas e refeitas; transformadas em vasos de honra para a glória do nome de Jesus (Jr 18.4; 2Tm 2.20-21).

Soli Deo Glória

Juvenal Oliveira

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

COMO SERIA A FACE DE JESUS?

Apesar de sua notoriedade, sendo o homem que mais influenciou pessoas em toda a história, ninguém conseguiu registrar com definição os traços de Jesus, o nazareno. Como seria então o formato do seu rosto?  Muitas pinturas vêm sendo desenhadas por variados grupos tentando definir a sua fisionomia. E você como o descreveria?
Se tentarem fazer isto se baseando apenas nos relatos e na visão dos soldados romanos durante a sua crucificação, pintarão o quadro de um Cristo com aparência de derrotado, morto, vencido pelo poder da cruz e de seus algozes. O seu rosto deveria estar pálido pela perda excessiva de sangue e desfigurado pela coroa de espinhos e os açoites.  Esta descrição de flagelo tem recebido a aceitação por uma classe considerável de pessoas ainda na atualidade. São relatos verídicos, no entanto, não é a imagem real e final deste Homem-Deus. A cruz não foi capaz de detê-lo. Ao terceiro dia Ele ressuscitou. (Lc 24.6).
Parece também que alguns teriam utilizado os relatos de Judas Iscariotes como fonte de inspiração. A imagem desta pintura era a de alguém com possibilidade de lhes proporcionar muitos lucros. Este tipo de retrato tem recebido a simpatia de muitos, transformando a fé em um verdadeiro negócio. Esta fotografia é de um impostor, pois o verdadeiro Cristo não veio com esta finalidade, pelo contrário, se opôs veementemente as ideias daqueles que o seguiam com algum tipo de interesse terreno. Fazia questão de afirmar que o seu “reino” não era deste mundo. (Jo 18.36; 1Co 15.19).
Um terceiro grupo age como se tivessem focado apenas nos relatos das inúmeras pessoas que foram curadas fisicamente por Jesus. A sua expressão é a de um simples milagreiro ou uma espécie de curandeiro. Ele realmente tem poder para curar, entretanto, descrevê-lo desta forma, seria um enorme equivoco, pois veio com uma missão muito mais sublime: Salvar os perdidos da condenação do inferno, curando corpo, alma e espírito, ou seja, realizando uma obra completa. (Jo 6.40-55).
Neste contexto, há ainda aqueles que se identificaram com o Jovem rico narrado no evangelho de Marcos, pintam um quadro de alguém que possa lhes mostrar um caminho mais fácil (Lc 10.17-22). Estes, assim como aquele jovem querem chegar ao céu, não obstante, não querem abrir mão de determinadas coisas. O verdadeiro Cristo afirmou que a porta que nos conduzirá aos céus é estreita. (Mt 7.13-15).
Dentre tantas testemunhas oculares, quem poderia nos ajudar, e muito, a descrever os traços de Jesus seria um dos anônimos ladrões da cruz. Ele o viu de perfil no momento em que estavam pendurados na cruz, entretanto, foi capaz de enxergar algo que poucos viram. Deparou-se com a figura de um ser que o amava incondicionalmente; que era capaz de perdoar os seus pecados mais terríveis; que podia revogar a sua sentença de morte. Ele conseguiu enxergar a figura de UM GRANDE REI: “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lc 23. 42-43)

Por isto que a Bíblia o chama de “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. (1Tm 6.15; Ap 17.14, 19.16). 

Juvenal Oliveira

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

SEM DIREITO A “PIT STOP"

Existem algumas expressões em inglês que nós brasileiros ouvimos com tanta frequência que dispensa tradução, como por exemplo, o dito “PIT STOP”. No automobilismo designa-se por uma parada durante uma corrida na área dos boxes onde se encontram as equipes e seus mecânicos, para que possam trocar de pneus e fazer o reabastecimento dos seus veículos, ou seja, significa uma parada momentânea.


Gostaria de dissertar aqui sobre a importância do “CRESCIMENTO” para a vida de todos os mortais; se buscarmos o significado desta palavra nos dicionários encontraremos definições variadas como multiplicação, desenvolvimento, evolução, etc. Desde a fecundação embrionária, passando pelo período de gestação, nascimento e chegando ao ponto final, que seria a morte, todos os homens necessitarão passar por um processo contínuo de crescimento e evolução, muitas vezes sem direito a “PIT STOP”.

O grande apóstolo Pedro em sua segunda epístola fala para um grupo de judeus cristãos sobre a necessidade de priorizarem a busca pelo crescimento espiritual: 

“Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.” (2Pe 3.18)

Serão expostos aqui alguns motivos pelos quais todo cristão deve perseguir o crescimento como meta primária para as suas vidas, independente de qualquer outro fator que possa vir a tentar esmorece-lo. 

O verbo crescer está conjugado no modo imperativo, “crescei vós”, portanto é um mandamento do Senhor para todos os cristãos, indistintamente. Não se trata de uma escolha se eu quero ou não crescer, mas uma imposição para todos aqueles que uma vez se renderam a Cristo.

A busca pelo crescimento constante na vida de todo o cristão é uma questão de sobrevivência. No momento em que ele achar que já conhece a Deus o suficiente, estará preanunciando o seu fracasso. Isto aconteceu com a igreja de Laodicéia; uma igreja que se sentia no topo, independente, abastecida por inteiro; se achando no direito de fazer um “PIT STOP”. E a palavra para aqueles cristãos foi muito dura: “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” (Ap. 3.16)

Por fim, todo cristão precisa se conscientizar que recebeu um ministério da parte de Deus quando foi convocado para fazer parte de seu exército e que, para cumpri-lo integralmente necessitará crescer a cada dia em fé, amor, santidade, conhecimento da sua Palavra e intimidade. Nesta corrida em direção à nova Jerusalém não há tempo para “PIT STOP”. Quanto mais eu cresço em graça e conhecimento, mais ficarei parecido com meu Mestre; quanto mais eu cresço, mais de mim terá o Espírito Santo me habilitando para toda boa obra. (Mt 25.14; Jo 3.30; 2Tm 2.15, 3.14-17, 4.5)


Soli Deo Glória!

Juvenal Oliveira